ARTE
AFRICANA
Existem muitos preconceitos com relação à arte africana e à
África em geral. A denominação genérica de africano engloba maior quantidade de
raças e culturas do que a de europeu, já que no continente africano convivem
dez mil línguas, distribuídas entre quatro famílias, que são as principais. Daí
ser particularmente difícil encontrar os traços artísticos comuns, embora, a
exemplo da Europa, se possa falar de um certo aspecto identificador que os
diferencia dos povos de outros continentes.
O fato de os primeiros colonizadores terem subestimado essas
culturas e considerado suas obras meras curiosidades exóticas, provocou um
saque sem sentido na herança cultural desse continente. Recentemente, no século
XX, foi possível, graças à antropologia de campo e aos especialistas em arte
africana, organizar as coleções dos museus europeus. Mas o dano já estava
feito. Muitos objetos ficaram sem classificação, não se conhecendo assim seu
lugar de origem ou simplesmente ignorando-se sua função.
E isso é muito importante para a análise da obra. A arte
africana é eminentemente funcional. Mais ainda, não pode ser entendida senão
com base no estudo da comunidade que a produziu e de suas crenças religiosas.
Basicamente os povos africanos eram animistas, prestavam culto ao espírito de
seus antepassados. Outros chegaram a criar verdadeiros panteões de deuses,
existindo também os povos monoteístas. Some-se a isso a influência dos
primeiros colonizadores portugueses, que cristianizaram várias regiões.
O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras
vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas. Estes, além de
reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las,
embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou
em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras. Entre as
peças mais valorizadas atualmente estão, apenas para citar algumas, as
esculturas de arte das culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de Luba.
ARTE AFRICANA - ARQUITETURA
A arquitetura africana teve um caráter utilitário, em vez de
comunitário, e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no resto das
civilizações, como representação de poder. Comum a todos os povos foi a
utilização de materiais pertencentes à sua região geográfica e o uso
intencional e comedido dos materiais em equilíbrio com o meio ambiente.
Independentemente de sua hierarquia, todos possuíam o mesmo tipo de casa, não
como expressão de igualdade, mas de pertinência ao mesmo grupo.
Os materiais utilizados variavam, então, segundo a região, mas
normalmente eram semelhantes: desde o barro até fibras secas tecidas, ou uma
combinação de vários. De modo geral, o povoado se protegia com uma muralha de
barro, que rodeava e marcava os limites da aldeia. A exceção a esse tipo de
arquitetura rudimentar são os povos de Gana e Mali, no sudoeste, que
construíram palácios de plantas variadas e o reino de Lalibela, a leste, onde,
a partir do século XIII,
foram escavados edifícios e templos nas
ARTE AFRICANA - ESCULTURA
As esculturas, na arte africana, tiveram uma função semelhante à das máscaras. Apesar disso, encontraram-se também amostras de uma arte representativa, como alguns retratos intencionalmente naturalistas de reis e membros das cortes de certas nações, nas quais ocorreu uma organização mais parecida com a das monarquias ocidentais. As sociedades de religião animista realizavam um tipo de escultura cuja função era substituir os membros falecidos da família.

As figuras de culto com fins mágicos, que a exemplo dos
relicários abrigavam uma diversidade de objetos, eram uma espécie de
Assemblages especialmente realizadas por bruxos, seguindo uma fórmula
específica. Os povos politeístas, como os
yorubas e os binis, modelaram peças de grande valor, em marfim, ouro e bronze,
de um desenho singular, muitas delas encomendadas pelas cortes européias.
Quanto à técnica, os africanos utilizaram o processo da cera perdida um século
antes dos europeus.
As obras de arte mais comuns obtidas por esse processo eram
bustos e cabeças, como as do tesouro do rei de Benim, saqueado no século XIX
pelas tropas inglesas. Foi dessa forma que chegou até a Europa grande parte das
esculturas de marfim, ferro e bronze. As figuras eram de um naturalismo
surpreendente, e nelas podiam ser vistos muitos dos costumes rituais desses
povos. No entanto, quando não eram figurativas, apresentavam então traços
estilísticos muito diferentes, que refletiam a liberdade criativa de seus
artistas.


No que se refere à ourivesaria, um dos povos que melhor
trabalharam nessa área foram os aschantis , já que o ouro abundava em suas
terras. Esse povo produzia peças de um preciosismo e uma delicadeza
surpreendentes na técnica da filigrana. A eles seguem-se os nativos da Costa do
Marfim. Estes, além de peças religiosas, produziram obras com fins decorativos,
entre elas máscaras muito naturalistas de personagens legendários, que eram
utilizadas numa cerimônia de caráter muito parecido com uma representação teatral.
ARTE AFRICANA - MÁSCARAS
As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte
africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as
no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara
representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas
dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes,
em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam
também para identificar os membros de certas sociedades secretas.
Em geral, o material mais utilizado foi a madeira verde, embora
existam também peças singulares de marfim, bronze e terracota. Antes de começar
a entalhar, o artesão realizava uma série de rituais no bosque, onde
normalmente desenvolvia o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma
máscara no rosto. A máscara era criada com total liberdade, dispensando esboço
e cumprindo sua função. A madeira era modelada com uma faca afiada. As peças
iam do mais puro figurativismo até a abstração completa.
Quanto à sua interpretação, a tarefa é
difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o
qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças,
consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. Paradoxalmente,
a maior parte das obras africanas encontra-se em museus do Ocidente, onde
recentemente, em meados do século XX, tentou-se classificá-las. Na verdade, os
historiadores africanos viram-se obrigados a estudar a arte de seus
antepassados nos museus da Europa.
A arte
africana representa os usos e costumes das tribos africanas. O
objeto de arte é
funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim
como nas esculturas, a presença da figura humana
identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e
religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas
africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a
incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um
significado místico e importante na arte africana sendo
usadas nos rituais e funerais. As
máscaras são confeccionadas em barro,
marfim, metais, mas o
material mais utilizado é a madeira. Para
estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em
segredo na selva.
Visitando os museus da Europa
Ocidental é possível conhecer o maior acervo da arte antiga
africana no mundo.
As formas de arte africana
A pintura é empregada na
decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas sagradas. Seus motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente
geométricas até a reprodução de cenas de caça e guerra. Serve também para o
acabamento das máscaras e para os adornos corporais (pinturas corporais). A mais importante manifestação da arte africana
é, porém, a escultura.
A madeira é um dos materiais
preferidos. Ao trabalhá-la, o escultor associa outras técnicas (cestaria,
pintura, colagem de tecidos).
As máscaras africanas
As "máscaras" são as
formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões da vontade criadora do
africano.
Foram os objetos que mais
impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do
Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da
África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico.
A máscara transforma o corpo
do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse
um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é
representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege quem a
carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou
de um animal, no momento de sua morte. A energia captada na máscara é
controlada e posteriormente redistribuída em benefício da coletividade. Como
exemplo dessas máscaras destacamos as Epa e as Gueledeé ou Gelede
Arte e religião
As civilizações africanas tem
uma visão holística e simbólica da vida. Cada
indivíduo é parte de um todo, ligados, todos em função do cosmos em uma eterna busca pela harmonia e de equilíbrio. Outro conceito
fundamental na filosofia da existência africana é a importância do
grupo, para que a comunidade viva, cada fiel deve participar seguindo o papel
que lhe pertence em nível espiritual e terreno.
Opon Ifá tabuleiro esculpido em madeira.
Principais religiões africanas
As únicas religiões que tem
relação com a arte africana no Brasil, são o Candomblé, e o Culto aos Egungun efetivamente de origem
africana.
O Culto de Ifá em menor número no Brasil é o maior responsável
pela divulgação da Yoruba Art em todo mundo, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, são os países onde o maior número de peças podem ser encontradas, em
museus e coleções particulares.
Esculturas em madeira
A escultura em madeira é a
fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo
ser cabeças de animais, figuras alusivas a acontecimentos, fatos
circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças. Existem também
objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre
denotando um motivo alusivo à figura dos dignitários. Os utensílios de uso
cotidiano, portas e portais para suas
casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo
desenhos estilísticos. Contendo também esculturas de mulheres com seus filhos
representando a fertilidade.
Esculturas em outros materiais
Tecido Kente do Gana.
Além das esculturas em madeira
existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro (apesar de estes serem raros) das mais variadas cores, colocados em
gorros, possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que passam por todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical.
As pedras podem ser alternadas por Cowrys, canudilhos metálicos ou de seda e algodão.
Neide da Costa tecelã do
terreiro de Salvador, Bahia.
Os tecidos são lisos ou
estampados, os bordados são rebordados com linhas e com pedras de
vidro. Confeccionam roupas longas e gorros. A inventividade do bordado com
pedras de vidro está muito espalhada nas populações da República da Nigéria. Os
suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de
vidro, canudilhos e cauris.
Os tecidos e o vestuário chegaram a um desenvolvimento plástico
considerável em zona de cultura urbana, assimilando muitos elementos da indumentária
islâmica e outros introduzidos pelos europeus colonialistas. O tear horizontal, permitiu a confecção variada de tiras que posteriormente se
juntam longitudinalmente para formar tecidos maiores. Deste tipo de confecção o
mais característico é o chamado Kente, entre os Ashanti. Ainda entre estes tecidos está o estampado
chamado Denkira, com figuras diferentes que se combinam para estruturar um
desenho ou determinar um motivo fundamental. Os desenhos são imersos em uma
tintura vegetal e impressos em tecido branco estendido em uma
almofada.
O Alaká africano,
conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká.
Materiais usados
Ferro
O ferro é utilizado a partir de uma prancha fundida mediante pressão e calor.
São confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de quem é a imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma
figura antropomorfa. Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a
variadas entidades e também vários instrumentos musicais.
Nestas, os detalhes da figura
humana estão um pouco resumidos, destacando algumas marcas regionais, e nisto,
assim como nas proporções gerais, diferem das de Ifé, nas que se percebe a
procura dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um tamanho menor. As cabeças de bronze apresentam variedades
de caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar
diferentes expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas
Estou de volta queridos alunos!!!!
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